Gosto muito de falar de crise porque ela representa a essência da vida. No momento em que alguém resolve os problemas, realiza os sonhos e satisfaz todas as expectativas, significa que a existência encontrou o seu epitáfio.
1) Crise do nascimento – dos 0 aos 10 anos.
Quando você é umbilicalmente dependente das crises dos outros.
2) Crise dos 10 – o fim da infância.
Para as crianças você é adulto e para os adultos você é criança.
Quando você descobre que a sua idade não tem mais um dígito, é hora de se despedir da infância, ou melhor, todos começam a lhe cobrar atitudes responsáveis.3) Crise dos 15 – agonizando no meio do nada.
A adolescência se movimenta no seu circo de horrores.
Você está em meio ao período mais conturbado da existência, sem a mínima perspectiva de que tudo isso acabe. Não obstante a sua rebeldia contra tudo e todos, eles vivem totalmente dominados pelo medo do monstro da acne.4) Crise dos 20 – em meio a muitas dúvidas, o início da fase adulta.
Bem vindo ao Deserto do Real!
Você não é mais adolescente, mas mesmo assim continua no meio do nada, sem emprego, sem namorada, sem terminar a faculdade e sem perspectivas de que a sua vida real começe.5) Crise dos 30 – começa a era do culote.
O diabo é que os homens nem sabem o que é culote...
As principais vítimas desta crise são as mulheres que começam a descobrir detalhes embaraçantes no seu outrora corpo perfeito. Começam a aparecer culotes, estrias, celulites, etc., e se foi a silhueta da juventude perfeita. A nova forma de encarar a idade balzaquiana é a correção corporal pela via do bisturi, numa tentativa patética de restaurar tudo aquilo que a natureza roubou. Como nem sempre a lipoescultura dá certo, vemos estampadas nas manchetes dos jornais a trágica sorte de vítimas saudáveis, mortas em procedimentos cirúrgicos absolutamente desnecessários.6) Crise dos 40 – garotão temporão.
É hora de recuperar o tempo perdido.
Muita gente resolve que é hora de usufruir os últimos resquícios de uma pretensa adolescência tardia: acampar, praticar esportes radicais, frequentar academia e andar de bicicleta, são atos que costumam confirmar o adágio popular: "a vida começa aos 40".Enquanto isto, as mulheres desenvolvem a paranoia de serem trocadas por duas de 20.
7) Crise dos 50 – problemas no liga/desliga.
Para pegar, só empurrando.
Os homens descobrem que certas coisas não se ligam com tanta facilidade como antes. E os episódios de falhas na hora "H" começam a ficar frequentes, prenunciando que o embranquecimento das têmporas não vem desacompanhado. Aí se instala o uso e o abuso de substâncias químicas levitadoras, que injetam uma pressão nova num sistema cardio-vascular combalido. Resultado? Começa a era do ataque cardíaco.Enquanto isso, mulheres cinquentonas, realizadas financeiramente, passam a procurar o rapaz do sofá da crise dos 20.
8) Crise dos 60 – velhos são os outros.
Qualquer semelhança com Norberto, ex-personagem patético do BBB9...
Você acha que velhos são os outros. Por seu turno, pelo fato de você malhar, correr, dançar e fazer sapateado, não consegue entender porque os outros insistem em te chamam de senhor.9) Crise dos 70 – começam as limitações da velhice.
Velhice é pros fracos!
Você continua fazendo quase tudo o que era dantes, porém, com mais vagareza e medo de tombos que passam a ser trágicos.10) Crise dos 80 – memória desmemoriada.
Outra forma de ver o tempo.
Você descobre que a sua memória está mais do que perfeita para eventos acontecidos há 50 anos e que se esquece de coisas ocorridas há 2 anos. Você se pega, às vezes, confessando que virou um velho. 11) Crise dos 90 – o fim da história?
Quando renascer não chega a ser uma má ideia.
Você não tem mais dúvidas de que virou um velho e sente imensa alegria por ainda conseguir dar uns passinhos. Infelizmente, você constata que a sua família e seus contemporâneos se resumem a fotos em preto e branco penduradas na parede. Por isso Deus inventou algo legal chamado renascimento.Moral da história:
Quanto refletimos sobre a existência como um todo, chegamos à conclusão de que vale mais o processo do que o produto. A realidade é que estamos sempre iludidos por sonhos e enredados em frustrações, porque o passado que se agiganta, nos condena. Enquanto isso, perdemos o fluir da vida em seu livre movimento através do cosmos, como uma das manifestações do Ser Absoluto.
Vi no Blogpaedia,
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